por Marcia Valéria David (Marcia David Poeta)

29.12.12



Algumas vezes quis levar a sério a vida. 
Ela me arruinou os sentidos.
 Então, vez por outra, acordo cantando.

Esqueço angústia e martírio. 
Estou sempre a carregar a vida pela mão. 
Feito criança pequena, leve e sorridente.

Estridente a gargalhar pelo caminho. 
Então sou forte, sou flor, um jardim... 
E assim só quero o sol, água fresca 
e o toque suave do dia. 





14.12.12

Nada


Sirvo-me de ti, aguada e morna.
Deixo seguir pelo chão mágoa aguda.
Sou santa, sou mácula.
Suada, meiga e fatídica.

Não tenho o que valha.
Navalha que me liberta.

Sirvo-me de ti, devorada e contida.
Arrependimento de dar-se.

Doar-se sem covardia.



até...


um abraço, pode ser a despedida.
alguém que volta pra casa, deixa lembranças,
construiu uma história.

um sorriso é preciso guardar como o último.
sempre imaginando que amanhã não te verei mais.

vou largando vaidades, rancores
e acostumando com ausências.

já não se completam mais.
os dias, as noites, as festas...
tudo tão diferente.

um tempo vazio, um cenário sem corpo,
um palhaço sem choro e um riso bobo.

picadeiro sem respostas...
e o palhaço o que é?

despiu-se da graça
amarrou-se ao medo.

despediu-se da vida.
e eu sei...
te vejo amanhã, amiga.