por Marcia Valéria David (Marcia David Poeta)

29.12.12



Algumas vezes quis levar a sério a vida. 
Ela me arruinou os sentidos.
 Então, vez por outra, acordo cantando.

Esqueço angústia e martírio. 
Estou sempre a carregar a vida pela mão. 
Feito criança pequena, leve e sorridente.

Estridente a gargalhar pelo caminho. 
Então sou forte, sou flor, um jardim... 
E assim só quero o sol, água fresca 
e o toque suave do dia. 





14.12.12

Nada


Sirvo-me de ti, aguada e morna.
Deixo seguir pelo chão mágoa aguda.
Sou santa, sou mácula.
Suada, meiga e fatídica.

Não tenho o que valha.
Navalha que me liberta.

Sirvo-me de ti, devorada e contida.
Arrependimento de dar-se.

Doar-se sem covardia.



até...


um abraço, pode ser a despedida.
alguém que volta pra casa, deixa lembranças,
construiu uma história.

um sorriso é preciso guardar como o último.
sempre imaginando que amanhã não te verei mais.

vou largando vaidades, rancores
e acostumando com ausências.

já não se completam mais.
os dias, as noites, as festas...
tudo tão diferente.

um tempo vazio, um cenário sem corpo,
um palhaço sem choro e um riso bobo.

picadeiro sem respostas...
e o palhaço o que é?

despiu-se da graça
amarrou-se ao medo.

despediu-se da vida.
e eu sei...
te vejo amanhã, amiga.


27.11.12

Vazia

Eu já não tenho novembros pra comemorar.
Ando triste, medonho.
Fico tentando te olhar por dentro.
Encontrar o vasto sentido que antes valia.
É mistério.  Não te sinto mais tão viva. Não te percebo mais.
Parece vazia de mim.


















19.11.12

Desfeito



Andei tentando remendar aqui e ali 
o que um dia foi um lindo bordado de luz.

A seda ficou corroída por tanto zelo.
Mãos que lavavam e teciam.

Andei mesmo tentando refazer ponto por ponto
daquele desenho esquecido.

A memória já se pôs,
Desbotada e desfeita a linha.

Enredando e entrelaçando pontos sem nós.

 


17.11.12

Aniversário





Tenho a idade do vento, que sopra livre nos campos.
Tenho o tempo das quimeras.
Tudo que sonhei e criei conta para a primavera.
Cada ano, cada dia, cada pingo, de cada letra mofada, se renovam hoje.
Vou construindo castelos, subindo rampas a cavalo.
Galope juvenil.
Tenho a idade de quando acordei.
Olhei nos olhos de um monstro e venci.
Eu sou eu um pouco melhor, maior, de sempre e franca.
Assim me sinto viva, santa, mordaz.
Corrosiva, maledicente.
Tenho a idade que o amor me trouxe.
Suas dores e mazelas.
Me desejo tudo de bom. Nada de ruim.
Tudo o que sou deixa de ser.
Passa hoje a viver outra de mim.




13.11.12

Ardendo
















Lavas, fel e menta refrescante.
Gotas desse mel arruinando com qualquer chance.

Temos pouco tempo. E eu só quero correr.
Tavez nem dê tempo.
Mas também posso surpreender.

Refazendo a mistura do que bebo.
Sede do que arremedo.

Pura combinação de descompasso.
Vou e você volta.
Incendeio e você nem se solta.

Pedaços de maçã, chá da casca de romã...
Esteja suave, pois hoje estou ardendo.



9.11.12

Folhas de Outono

No chão, espalhadas, secas.
Já vividas. Atravessaram tempos.
Tapete de mágoas. Salvas pelo vento.
E eu que aqui fico perdurando em sentimentos.
Antigos contentamentos.
Porque não me leva em nuvens?
Pelo menos essas estão imunes.
Enrudilhadas, ressentidas, esquecidas de seus galhos.
Que recomeça e se renova.



4.11.12

Desconectada...


Que notas me caem sobre a cabeça?
Chuva de Sol, girassol, Lá, do lado de Si.
Mesmo.
Desconexo da vida.
Desconheço o que me liga.

Um poeta sem plug and play.
Ávido por ir. Apenas seguir.
Olhando de lado. Olhando em frente.
Conexão sem fio. Desfio. Um rio sem veios.

Entremeios para fugir.

Um mundo que não creio, um digo que não vejo.
Nada toca, nada guia.
Sensível à luz, ao som da boa música.
Mas o medo desata. Desanda.
Gente que não reza, nem olha, nem estende a mão..
Impacientes, doentes sem flor na lapela.

Desconectada. Sorri e segue.
Candanga, sentida, de Lua.



1.11.12




Eu estava vivo. Esperando a sorte de um toque lúcido.
Cuspe na cara. Arda a navalha no punho quente.
Estava tonto de dor e loucura. Luto de morte que chega.
Não avisa. Me alisa a alma e me despe.




27.10.12

Arrogante



A vaidade consome e suga.
Seca e devasta.
Arrogância nos trejeitos.
Malfeitos corações empedernidos.

Ossos tortos pelo peito inflado.
Caminha sem pisar na fonte.
Vaidade rinoceronte.
Que te transforma em montes
de estupidez.

Aridez de sentidos.
Acidez das sílabas.

Monólogo da vez.
Tu e a vaidade.


26.10.12

Resto



Cheguei aqui cavalgando em sonhos.
Destilando poesia.
Terrível tropeço na manhã.
Nada amanhece, nada de sol.
E a chuva não veio, não creio, não vi.

Aqui só o que brilha é o que te dá valor.
E eu que apenas sou, poeta, cantor, ator, gentil,
distraído da vida, nada restou.

Cheguei aqui cavalgando em lindos versos alados.
Resvalou, não vingou.
Perdeu asas, sons e calor.



1.10.12

Ilusão


 
 
Mesmo que dentro da minha
verdade  tu tenhas sido,
O universo confirma: tudo
não passou de um sonho.
Eu aguardo então a sensação do real.
Para um dia dizer-te que não és mais.
 
 
 
 
 
 

25.9.12

Dança Comigo












Que dança estranha é essa que sempre termina.
Passos marcados, nada se improvisa.
Os pares sempre se olhando,
distantes no meio do salão.

A música parou ou estão surdos?
Era uma valsa, uma salsa, um tango...
Alguém errou um passo, perdeu o ritmo.

A platéia não se importa,
mas ela ainda quer dançar.
Talvez um outro par...

Alguém, em alguma outra noite,
vai tirá-la pra dançar?
O que importa? Quem se importa?

A dança acabou.
Não há mais ninguém no salão.
Se alguém pegar na sua mão e te pedir pra dançar,
dance, apenas dance.

E o seu desejo é que essa dança nunca termine.


* Do Livro Liberdade Poética

28.8.12

Mulher de malandro

Eu me mato

Se não houver esperança
eu me mato

amarro o pescoço num laço
tomo veneno com uísque e gelo
faço o sangue jorrar
com uma gilete.

Mas se prometes que volta
eu me enfeito



banho de flor
pétalas de jasmim

Ai de mim
Ai de ti...

jogo perfume na cama
e me deito

e te espero de novo
até o amanhecer

até quando você não vem.
Qual o jeito?


13.8.12

Passou


Eu já gostei mais de você.
Quando você era um olhar doce,

Curioso e sedutor.
Eu já gostei mais da sua voz.
Quando me dizia feliz, o que gostava em mim.
Eu já gostei mais de andar ao seu lado.
Quando os passos eram sin-cro-ni-za-dos.
Eu já gostei mais de dormir com você.
Quando sexo era amor e você se deitava ao meu redor.

Eu já gostei mais...
Eu já...
Eu...
FUI!



*Do Livro Liberdade Poética



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26.7.12





Estou escrevendo uma Ode.
Sob a batuta do poeta,
tenho licença para dizer o que eu quiser.
Sem boca, sem prata, sem jeito.
Heróica.
Só no teu peito, acho um ombro.
Acho um abrigo.



11.7.12

Namorada



É que me rodeia o teu pensar.
Me atiça os pelos, os seios, a pele.
Curvo-me ao teu redor.

E o querer-te, que tudo ilumina.
É brando, doce, leve.



* publicado no Livro da Tribo 2013

9.7.12

Fera... Mansa...





Aguça o curioso pernas que se cruzam
Sobre o sofá.
E a mansa fera doida te abocanha.
Deixa de ser mansa.
Deixa de ser fera.




6.6.12

Equilíbrio


Amo-te.
Agora mais que tranquila.
Nada de tormentos.
Sobressaltos. Estou dentro do círculo.
Aprumada e contente.



22.5.12

Incapaz





"Medo de Amar (Vinicius de Morais)", com Nana Caymmi



Quem não sabe amar,
É Egoísta por natureza,
Inventa uma falsa certeza
De que estar só é bem melhor. (Marcia David)

*

Em alguns dias pensei ter amado.
Não era verdade.
Em alguns dias pensei ter sido amada.
Era ainda uma enorme mentira.

O que faz do amor o que é,
É apenas ser. Sem pedir, sem chamar.
Simplesmente por ficar. (Marcia David)


15.5.12

Amanhecer















Hei de abandonar as mãos frias que me afagam.
Buscar quente a noite que ardia.

Desfiando lembranças alegres.
Amores mais gentis.

Hei de abandonar o sorriso que não é meu.
Trazer de volta a solidão afável.

Desdobrar vontades perdidas.
Ilusão de paz.

Hei de abandonar ordens de covardia.
Transtornos e melancolia.

Aproveitar que a noite cessa.
Amanhecer.



11.4.12

Noites Cariocas



Já não são como antes...
É que perderam o gosto pela Poesia, pela Boêmia, pela Fantasia.
É tudo pose, disfarce.
Ninguém olha, ninguém vê.
É só desenlace.



Subtexto


Faz muito tempo não olho minhas mãos.
Não seguro meus dedos.
Escrevo o que sinto.
Não faz sentido?
Eu não minto.
Só procuro minhas mãos,
Os meus dedos.
São eles que sangram
quando me cortam o coração.





28.3.12

Partitura


Deixa que a poesia cega te aponte.
Deixa que o som dos dedos te acorde.

Acordes da melodia pura.
Pura melancolia da morte.

Recortes que perdi partes.
Não sei juntar as pontas.

Recomeço em rara partitura.




Sem inspiração

É que o mundo me deixou muda.
A maldade da gente me tirou o fôlego.

E que palavra te falta pra pedir perdão?
Que medo de revelar que enfraqueceu.

Sem inspiração pra parar de acreditar.
Mesmo com a falta de zelo.

Ainda com sede e mãos sem tato.
Sem inspiração pra desistir.

O coração trôpego,
A língua seca e os pés sem alma.

Não quero inspiração.
Quero a crença.
Imensa dúvida da espera que realiza.



23.3.12

Vigia



Segue. Suga. Saca.
Suspeita. Certeza cega.

Invade. Faz alarde. 
Copia. Resposta. Covarde.

Finge que não lê.
Imita que não vê.
Disfarça que nem percebe.

Mas sempre visita.
Entra pela porta dos fundos.

Espia, espreita.
Vigia meu mundo.

Sorte.
Não imita.



22.3.12

Semear

Trigo e vento.
Sementes que esvoaçam, espalham e contaminam.

E crescem em talos, folhas, verdes.
Secam.

O arrependimento de sair da terra.
Porque morrer no outono?

Apenas broto, flor e frutos.


Despoetizando...














Vamos descontruir a poesia.
Desfolhar em pequenos cacos.

Poesia mansa, poesia louca...
Poesia apenas...

E depois de triturada, fragmentada...
Quero bordar pequenos pedaços...
Tecer, reconfigurar...

Fuxico, retalhos...

Colcha de argumentos esquecidos.
Sentimentos secos.
Desvalidos.

Não quero juntar, quero tramar.
Costurar.


Um novo desenho.
Um outro nome.

Despoetizar.



21.3.12

Caliandra


Me ache assim,

compacto, encerrado, denso.
Entre águas raras sobrevivi.

Cílio colorido que mexe ao vento.
Dança, valsa, feliz.

Me ache enfim.

Cerrado difícil de entender.
Bela flor de suaves dedos.

Pequeno arbusto.
Tronco rígido e forte.
Escondido entre folhas ásperas.
Cascas, rugas.

Sugas o que ainda resta.
Só não se perca.
Me ache e fim.



...

Eu sou quase...
Quase uma mudança.
Quase uma mudança de humor...

Eu estou quase...
Estou quase perto...
Quase perto de me tornar alguma coisa...

A reticência é que me mata.
E eu sempre penso:
Alguém no mundo já esteve tão perto?
Longe demais é algo que eu não imagino.
Mas sei que quase cheguei.

Sei que o meu quase é muito mais do que já fizeram.
Eu amei muito.
Fui muito amada.
Estive muito presente e muito ausente também.

A intensidade é que me avilta.
E eu sempre me pergunto:
Pra que sentir tanto? Porque?
Pra que serve todo esse "sinto muito"?
E peco pelo exagero.

Por via das dúvidas,
Eu quase...
Mas nunca...

Rosa e Espinho

A rosa não murcha
Não perde a cor
os espinhos
sobrevivem fortes
como forte é o seu perfume
forte é o seu lume

O vermelho das pétalas frescas
Rijas
Sobrevivem...
E eu sou a rosa.

13.3.12

Amor Livre














Vou e volto e te carrego cá dentro.
Tenho liberdade de sobra.
Só o que não cabe é o gostar.
Imenso, denso, grudado.
E isso não me prende.
Me traz de volta.

A música que toca quando posso
de novo te ver.
De novo te achar.
No canto da cama.
Costas nuas.
Cheiro bom de madrugada quente.
Manhãs mornas e gentis.

Ando contigo.
Aqueço os seus pés.
Me faz rir.
E eu volto.
Tenho a liberdade que sempre sonhei.
Estar aqui.







7.3.12

Gracias a La Vida (Violeta Parra)






"Este dia merece um olhar de exclamação.
Amo o sol sobre todas as coisas!
A luz que colore o verde, o azul,
a água trêmula em seu leito firme."

(Trecho da Poesia SOL - Marcia David - do Livro Liberdade Poética)




6.3.12

Arco-íris




Que cores você quer?
Quero todas.
Um arco-íris de opções para cada minuto de alegria.
Uma aquarela de sorriso largo.
Amenidades de cores fluorescentes.
Tons quentes para uma tarde de namoro.
Tom pastel para o que não tem a menor importância.

Quero bem vivos cada cor, cada cheiro bom, cada amor.
E de quebra quero pinturas na parede.
Pichações de alarde dos amigos.

Quero muitas cores pra me lembrar todos os dias,
Como é bom viver.








Sensações



Preciso sentir pulsações fora do peito.
Agonizar nos segundos de espera.
Sorrir em seguida com o beijo de quem chega.

É que o momento pede descobertas.
Novas sensações, bons sentimentos.

Preciso sentir as pétalas.
Esquecer os espinhos.
Saber que existem flores encantadas.
Um jardim escondido em cada olhar.

E os olhos se abrem.
Feito flor. Dando frutos.
E eu preciso.

Caminhar. Primeiro passo.

Meu desejo vai morar contigo.
Meus sonhos serão sussurros inéditos no teu ouvido.

Que seja doce.
Porque eu preciso de anjos na minha porta.
Preciso que me queiras bem.
Me cheires a alma, escutes os passos...

Preciso de sensações mais do que tudo.
As vontades me atropelam.





5.3.12

Fuga


Fujo.
E por mais que corra, não me afasto.
Tenho pernas e elas não me servem.
Nada me cabe.
Desejo nefasto de calar.
O teu silêncio diz muito.

E é por isso que fujo.
Fujo da lembrança, 
do calendário amarelado.


Tempo

Tenho um tempo que tu não vivestes.
Idade que não perceberás,
até que vivas.

Isso não faz de ninguém perfeito.
Pois que perfeição não se apura numa vida.

Não exatamente nesta.
Não me torna especial,
nem mais louca,
nem sábia.

E o que sabe o tempo sobre mim?
Ou o que sei eu sobre o que se perdeu?

Só tenho a meu favor algumas respostas.
Muitas nem pra muito servem.
Todos os dias mudam de lugar.




Inspiração






"Dó...
...tenho pena de quem nunca amou...
nunca ouviu música...
nunca sentiu seu cheiro e um clarão nos olhos...
cegos...amantes....desnudos....hipnose..."

(Trecho da Poesia Música do Coração - Marcia David - do Livro Liberdade Poética)



Meus dias



Mostre seus dias
Sem poesia
Eu mostro os meus
Poéticos
Embora sem métrica
Simétricos
Não herméticos
Expostos ao tempo.



2.3.12

Mar


Tenho sede viva de ti. Amor cego e distante. Beira de um abismo que não termina. Sem ti, sufoco. Não tenho rima. Sou ave sem vôo. Me deixa sucumbir em teu verde-azul manso. Te vejo e não te acredito. 
Como sou pequena.


Ainda o Mar


Gosto do mar porque nele me encontro e logo me perco. Sou onda, espuma branca e fugidia. Vou e volto sem me importar com o tempo. Atrevo-me em linda composição, um murmúrio que invade a alma e termina como uma sinfonia sobre a areia.




Fim sem começo




Devo usar as algemas e as correntes.
Sei até que ponto vamos chegar.
Tracei os limites da saída, ida lenta e certa.
Não! Não me diga!
Não quero ouvir.

A surdez me cai bem.
Ignóbil pensamento me ocorre.
Rio de mim.
Quero deixar que vá, só para que não haja outra vinda.

Deixa-me fechar a porta.
Ouço passos.


Moradia do Amor



Você morava no meu sonho.
Quando te vi pela primeira vez, mudou-se...
Passou a morar nos meus pensamentos.
Então um dia ouvi sua voz.
Nossa! Então, noutro dia segurei sua mão.
Você morava então no meu desejo...
Curiosa invasão da minha vida.
Impregnada sentia-me.
Tempos depois já habitava meu corpo.
Estranha criatura que me penetrava.
Sensação gostosa de ser visitada.
Nessas mudanças não criamos raízes.
Nos cativamos e nos perdemos.
Então...
Onde será que você mora agora?


27.2.12

Domador de corações


Doma meu coração enquanto está vivo.
Enquanto bate.

Doma meu coração, vadio e lento, cansado e louco.
Doma meu coração enquanto bate.

Toma-o na sua mão, carrega-o perto do Peito.
E cuidado...

Doma meu coração enquanto bate.

Toma-o no seu ventre como a um embrião.
E cuidado...

Acalenta com carinho a criança que nasce em seus braços.

Doma meu coração enquanto é vivo.
Doma meu coração enquanto é vadio.
Doma meu coração antes que ele saia por aí como um louco.
Um louco...

Um coração carregado de orvalho e gota.
Arco-íris e medo.
Mendigo e coxo.

Doma meu coração que ele está cansado.
Atravessado.
Descompassado.

Doma meu coração.
Doma...
Doma que ele já se parte e parte...











Poesia publicada no Livro Liberdade Poética.
Vendido pelo site: www.clubedeautores.com.br





25.2.12

Quando a Música é Poesia






Fragmentos


E assim vou me largando por aí.
Me deixando aos pedaços.
Fragmentos do que já fui.
Me salvo e me afogo pra não perder o rumo.
Me abandono na correnteza.

Tento me convencer.
Mas faltam laços.

Reticência da minha origem.
Tento juntar letras
E escrevo sobre o mesmo verso.
Verso sobre a mesma vida.

Dá pra ver daqui.
Tudo se espalha.
Tudo se perde.


Crua



Não são as rimas que busco.
No refluxo das eras.
Galgo temperamentos santos.
Mantos de falcatruas.
Como me engano. Como me aflijo.
Sem memória. Esqueço.
Não entendo.
Sou avesso
Sou nua, crua e adormeço.



23.2.12

Coração Torto



Crio e Recrio. 
Verto e Converto
Um coração já torto.
Reconforta saber que ele Vive.
E Bate.
Um som Grave que acorda o Sonho.
Revira a Alma e Refaz um Caminho.
Manso e Doido. 





19.2.12

Vi Mitos e Deuses na chuva.
Eu era a estranha que carregava pedras.
Secas, torriscadas.
E eles sorriam. Riam da escrava maluca.
Era seca, como as pedras.
Oca, sem paixão.









Poesia publicada no Livro Poetas Contemporâneos do Brasil
Lançado na Bienal Internacional do Livro - Rio de Janeiro
03 de Setembro de 2011

Love

Eu te provaria numa lambida de dedo.
Escorregaria minha língua no seu rosto.
Que gosto.
Que medo



A Poesia "Love" ficou mais de um mês na primeira página do site www.livrodatribo.com.br
Foi a primeira poesia mais votada de 2012 no site da Editora Livro da Tribo. (Janeiro de 2012)



Rio que eu AMO!


Rio que mora no mar
Sorrio pro meu Rio
Que tem no seu mar
Lindas flores que nascem morenas
Em jardins de sol... "
















(Foto: Marcia David - janeiro de 2008 - Botafogo)

Esconderijo


Comento o passado e finjo que não
foi comigo.
Cara de paisagem. Copio uma amiga.
Caras e bocas e me escondo atrás das
cortinas.

Disfarço.
Refaço o caminho mil vezes pra não
me perder.

Sombra. Vulto.
Passagem para um esconderijo.

Solidão.



Bêbada




















Bêbada, me contive.
Apenas sussurrei.
O grito ficou preso.
Enclausurado. Falido. Sôfrego.
Banido.
Tudo sufoca. Não existo. Fiquei
cega.

Bêbada, me recolhi.
Fracassei. Reclusa. Feto.
Gestação inacabada.
Eu quase explodi.
Mas bêbada...

Só vacilei...

Enquanto sorvia, tragava...
Não era nada.

Sucumbi.



16.2.12

Sentido


É o costume de se perder por aí.

Ela viaja, ida sem rota.

Muitas vezes meia volta.

Caminho curto de um atalho.

Medo. Revolta.



Eu, Abelha

Era doce.
Eu era o mel que te cobria.
Abelha abelhuda que te lambia.
Eu não era eu.
Você não era você.
E o que escorria,
Era o seu legado.
Solidão e covardia.

Amor

Ando te lendo.
E te acompanho pelas ruas.
Beijo suas flores, cheiro os seus afrescos.
Olho pelas janelas e vejo festas.

Ando te revendo.
Revisitando.
Te procurando entre belos casarios.
Antigos cenários da boemia.

Ando te escrevendo.
Poesias, contos, prosa.
Cartas de amor e serenidade.
Arquitetura do equilíbrio.

Andava te procurando.
Ao que te achei em belas pontes firmes.
Asas frondosas e músculos de concreto.

Reto o passo.
Sinuosa a vida.
Mas achei descanso em teu braço.
Abrigo.



Caminho

A minha casa segue pela estrada.
Vaga, lenta...
Às vezes se apressa na direção errada.
Nem chega, nem nada.



15.2.12

Seca

E o verde que vi vai secar num instante.
Vira cinza, fica tosco.
Fosco. Varrido pelo vento.
Sementes que não brotam.
Ar que não respiro.
Tem mato, mas é seco.
Tem lua, mas é minguante.
Tem calor, mas é arremedo.
Imitação da arte.
Natureza morta.