por Marcia Valéria David (Marcia David Poeta)

27.2.12

Domador de corações


Doma meu coração enquanto está vivo.
Enquanto bate.

Doma meu coração, vadio e lento, cansado e louco.
Doma meu coração enquanto bate.

Toma-o na sua mão, carrega-o perto do Peito.
E cuidado...

Doma meu coração enquanto bate.

Toma-o no seu ventre como a um embrião.
E cuidado...

Acalenta com carinho a criança que nasce em seus braços.

Doma meu coração enquanto é vivo.
Doma meu coração enquanto é vadio.
Doma meu coração antes que ele saia por aí como um louco.
Um louco...

Um coração carregado de orvalho e gota.
Arco-íris e medo.
Mendigo e coxo.

Doma meu coração que ele está cansado.
Atravessado.
Descompassado.

Doma meu coração.
Doma...
Doma que ele já se parte e parte...











Poesia publicada no Livro Liberdade Poética.
Vendido pelo site: www.clubedeautores.com.br





25.2.12

Quando a Música é Poesia






Fragmentos


E assim vou me largando por aí.
Me deixando aos pedaços.
Fragmentos do que já fui.
Me salvo e me afogo pra não perder o rumo.
Me abandono na correnteza.

Tento me convencer.
Mas faltam laços.

Reticência da minha origem.
Tento juntar letras
E escrevo sobre o mesmo verso.
Verso sobre a mesma vida.

Dá pra ver daqui.
Tudo se espalha.
Tudo se perde.


Crua



Não são as rimas que busco.
No refluxo das eras.
Galgo temperamentos santos.
Mantos de falcatruas.
Como me engano. Como me aflijo.
Sem memória. Esqueço.
Não entendo.
Sou avesso
Sou nua, crua e adormeço.



23.2.12

Coração Torto



Crio e Recrio. 
Verto e Converto
Um coração já torto.
Reconforta saber que ele Vive.
E Bate.
Um som Grave que acorda o Sonho.
Revira a Alma e Refaz um Caminho.
Manso e Doido. 





19.2.12

Vi Mitos e Deuses na chuva.
Eu era a estranha que carregava pedras.
Secas, torriscadas.
E eles sorriam. Riam da escrava maluca.
Era seca, como as pedras.
Oca, sem paixão.









Poesia publicada no Livro Poetas Contemporâneos do Brasil
Lançado na Bienal Internacional do Livro - Rio de Janeiro
03 de Setembro de 2011

Love

Eu te provaria numa lambida de dedo.
Escorregaria minha língua no seu rosto.
Que gosto.
Que medo



A Poesia "Love" ficou mais de um mês na primeira página do site www.livrodatribo.com.br
Foi a primeira poesia mais votada de 2012 no site da Editora Livro da Tribo. (Janeiro de 2012)



Rio que eu AMO!


Rio que mora no mar
Sorrio pro meu Rio
Que tem no seu mar
Lindas flores que nascem morenas
Em jardins de sol... "
















(Foto: Marcia David - janeiro de 2008 - Botafogo)

Esconderijo


Comento o passado e finjo que não
foi comigo.
Cara de paisagem. Copio uma amiga.
Caras e bocas e me escondo atrás das
cortinas.

Disfarço.
Refaço o caminho mil vezes pra não
me perder.

Sombra. Vulto.
Passagem para um esconderijo.

Solidão.



Bêbada




















Bêbada, me contive.
Apenas sussurrei.
O grito ficou preso.
Enclausurado. Falido. Sôfrego.
Banido.
Tudo sufoca. Não existo. Fiquei
cega.

Bêbada, me recolhi.
Fracassei. Reclusa. Feto.
Gestação inacabada.
Eu quase explodi.
Mas bêbada...

Só vacilei...

Enquanto sorvia, tragava...
Não era nada.

Sucumbi.



16.2.12

Sentido


É o costume de se perder por aí.

Ela viaja, ida sem rota.

Muitas vezes meia volta.

Caminho curto de um atalho.

Medo. Revolta.



Eu, Abelha

Era doce.
Eu era o mel que te cobria.
Abelha abelhuda que te lambia.
Eu não era eu.
Você não era você.
E o que escorria,
Era o seu legado.
Solidão e covardia.

Amor

Ando te lendo.
E te acompanho pelas ruas.
Beijo suas flores, cheiro os seus afrescos.
Olho pelas janelas e vejo festas.

Ando te revendo.
Revisitando.
Te procurando entre belos casarios.
Antigos cenários da boemia.

Ando te escrevendo.
Poesias, contos, prosa.
Cartas de amor e serenidade.
Arquitetura do equilíbrio.

Andava te procurando.
Ao que te achei em belas pontes firmes.
Asas frondosas e músculos de concreto.

Reto o passo.
Sinuosa a vida.
Mas achei descanso em teu braço.
Abrigo.



Caminho

A minha casa segue pela estrada.
Vaga, lenta...
Às vezes se apressa na direção errada.
Nem chega, nem nada.



15.2.12

Seca

E o verde que vi vai secar num instante.
Vira cinza, fica tosco.
Fosco. Varrido pelo vento.
Sementes que não brotam.
Ar que não respiro.
Tem mato, mas é seco.
Tem lua, mas é minguante.
Tem calor, mas é arremedo.
Imitação da arte.
Natureza morta.