Você não me aprende, Nem me desliga. Também não me segue. Rede antissocial.
por Marcia Valéria David (Marcia David Poeta)
11.6.14
Covardia
É a flor que não brota.
O sol por trás das nuvens.
Um rio sem veias, sem destino.
Covardia.
Um caminho sem volta.
Um dedilhar sem cordas.
Um tocar sem arrepios.
Covardia.
Mania de quem chora.
Lamenta e se esconde.
É o passar lá longe.
Sem olhar para o lado.
Sem respirar o perfume.
Covarde é alguém que não se deu.
Achando que se dar seria em vão.
Covardia é um coração que não bate.
Rebeldia que teima em não se deixar doer.
Não se permite cortar a pele.
Rasgar, gritar, adormecer.
E um covarde nunca lambe a própria ferida.
Nunca cultiva um jardim.
Não vê borboletas.
Não caça joaninhas.
Conta, medida, régua.
Estanque. Economiza até quando beija.
É frio, carcomido, doente.
Não te alisa, não te abraça.
Perde o melhor do dia.
A poesia de perder.
Recomeçar.
Ser outro, remoçado e louco.
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