Você não me aprende, Nem me desliga. Também não me segue. Rede antissocial.
por Marcia Valéria David (Marcia David Poeta)
9.11.13
Volto ao Mar
Nem gosto tanto assim do mar.
Mas fico a admirar suas filhas.
Ele as deixa soltas.
E elas vêm e vão só pra me agradar.
Sabem que eu gosto de olhar.
Tanto que me perco.
E então viajo.
Num barco branquinho, que balança bem devagar.
Também queria ser filha do mar.
Por isso mergulho.
E esqueço-me do tempo.
O vento acorda os sonhos.
E eu volto a navegar.
18.10.13
Confortável
Do meu sofá vejo mundos improváveis.
Amarguras, frescuras e afins.
Aperto botões para mudar o rumo.
Mudar o tom, o som, a vida.
Pés na mesa, dias de preguiça
e notícias da rua.
De longe. Assim está bom.
De muito perto posso cortar os dedos.
Machucar a alma. Causar traumas.
E isso não convém.
Descer o elevador ou andar de trem.
Lotação esgotada.
Tumulto à vista.
Prefiro o meu sofá com desdém.
Amarguras, frescuras e afins.
Aperto botões para mudar o rumo.
Mudar o tom, o som, a vida.
Pés na mesa, dias de preguiça
e notícias da rua.
De longe. Assim está bom.
De muito perto posso cortar os dedos.
Machucar a alma. Causar traumas.
E isso não convém.
Descer o elevador ou andar de trem.
Lotação esgotada.
Tumulto à vista.
Prefiro o meu sofá com desdém.
2.10.13
Olhar
E se o que vejo são olhos de mistério?
Delírio, dança e desejo.
E se sou poeta posso ver mais distante.
Água da sua fonte.
Olhar de longe o que sinto tão dentro.
Avesso, reverso, intenso.
Não repara no seu nome?
Busca na tela do artista
O retrato do que seja.
Sentidos, semblantes, sentimentos.
Flutuo na sua íris.
Afundo no horizonte antes de dormir.
Olhar em direção diversa.
Me segue, cerca e abraça.
Me cega.
25.9.13
Sutil
À noite fico encantada
com suas sombras.
com suas sombras.
Deslizam pelo quarto,
pelos meus cabelos.
pelos meus cabelos.
Olho de lado e percebo
sua boca.
Olho adiante e te vejo
sair detrás das cortinas.sua boca.
Olho adiante e te vejo
Lilás, pelo vento, ardil.
23.9.13
Barco
E se eu sentar no seu barco nua da vida,
Esfrega no meu rosto a sua pele salgada.
Não me atire n'água. Não me afogue os beijos.
Me deixa adernar. Balançar de enjôo.
Prometo te observar com olhos de maré.
Navega por mim. Me leva daqui.
Esfrega no meu rosto a sua pele salgada.
Não me atire n'água. Não me afogue os beijos.
Me deixa adernar. Balançar de enjôo.
Prometo te observar com olhos de maré.
Navega por mim. Me leva daqui.
2.9.13
Diferente
Não quero me esconder na sua casa.
Quero ser parte do mundo.
Não há o que me tenha com mais ardor
Do que vida de sorrir e sonhar.
Me encantar com os olhos de boneca que me refletem num brilho.
Um relâmpago.
Um trovão nos meus braços.
De prazer e amor.
O que não esqueço?
Não esqueço.
Nunca passou.
Ficou guardado.
Aos pedaços.
Quebrado.
Você por inteiro dentro de mim.
27.7.13
12.7.13
Então, que o tempo vai devolvendo tudo que te tomaram.
Vai abrindo caminhos nunca imaginados.
E quando menos espera, se está vivo, amando e sendo amado.
Rezando um credo de anjos.
Aqueles que colocam na sua porta.
Basta abrir e respirar. Fechar os olhos e imaginar.
E tudo surge. Tudo renasce. Enfim, tudo é VIDA!
6.7.13
Raiou
Descobri que sou a tempestade.
E também a brisa.
A minha própria condição de andar.
Solta nessa vida que não basta.
Pano que desgasta, feito nuvem ao vento.
Bordado, lavado, desbotado.
Mas ainda sei quem sou.
Aonde piso e porque vou.
4.7.13
Rayar...
Caminha comigo?
Me deixa pisar nessas folhas secas.
Me deixa voar.
Fica do meu lado, enquanto eu escolho um caminho.
Um atalho. Um viés.
Qualquer trilha que me leve daqui.
Não me faça refém.
Só segue comigo.
Molhando os pés, ardendo ao Sol.
Me deixa abraçar a árvore, correr por aí.
Perseguir raios, trovões, vendavais.
Eu sou a tempestade
Seja a minha brisa. Na varanda.
Dias mansos de preguiça.
1.7.13
Quem É...
Instante, ora e passa.
Hora que devassa.
O que de passado se fez
e aprendi.
Um instante e reconstruí
Vida, Amor e Graça.
Hora que devassa.
O que de passado se fez
e aprendi.
Um instante e reconstruí
Vida, Amor e Graça.
26.6.13
14.6.13
A Uva e O Vinho
Dança na língua
Um vinho que não bebo.
Guardo em barris
Para que amadureça.
Ganhe corpo e aroma gentis.
Dança na língua
O vinho que guardo selado,
Num canto,
Esperando momento propício.
Dança na língua
Gosto de safra de bom tempo.
Perfeito sabor da uva
Desde o início.
19.5.13
Os pés em bolha
As mãos em prata
Reluz nos olhos
Dias na estrada
Muitas de mim por ai
Deixadas, sentidas, armadas
Perdidas
Urgente é sentir saudade
Recolher as lágrimas
Abrir os braços e ser
Deixar que vá
Deixar sorrir sem estar aqui
Deixar fluir
E se quiser voltar
Abrir a porta
Arrumar a seda
Abrir espaço
Arrumar a sala
Evoluir
17.4.13
4.4.13
Defesa
Apenas um pra te carregar comigo.
Não sei se é forte o bastante.
Se suportaria tudo.
Mas eu carregaria no colo, se tivesse a certeza.
Tenho uma dúzia de sentimentos contrários.
Apenas um a seu favor.
Tudo é dúvida.
Conselhos pra te largar por aí.
Nada me guia, nenhuma luz, tudo é névoa.
E vou me juntando, pedaço por pedaço.
Recolhendo detalhes.
No escuro. Esbarrando em tudo.
Nada se quebra.
Mas não consigo montar esse quebra-cabeça.
Peças de mim, de ti, do tempo que não sei se passa.
Não sei quanto tempo ainda espero.
Tenho tantos e insuperáveis álibis.
Que ninguém me condenaria.
Nem você. No abandono. Até você concordaria.
Mas um único, senso, desvario, me cessa.
Amor.
3.4.13
Urgente
Dói o pé de andar latente.
Dói o corpo de sentar horas de espera.
Dói a cabeça de pensar dias de saudade.
Dói a mão que não alcançou.
Deixou partir. Partiu. Voou.
14.1.13
29.12.12
Algumas vezes quis levar a sério a vida.
Ela me arruinou os sentidos.
Então, vez por outra, acordo cantando.
Esqueço angústia e martírio.
Esqueço angústia e martírio.
Estou sempre a carregar a vida pela mão.
Feito criança pequena, leve e sorridente.
Estridente a gargalhar pelo caminho.
Estridente a gargalhar pelo caminho.
Então sou forte, sou flor, um
jardim...
E assim só quero o sol, água fresca
e o toque suave do dia.
14.12.12
Nada
Sirvo-me de ti, aguada e morna.
Deixo seguir pelo chão mágoa aguda.
Sou santa, sou mácula.
Suada, meiga e fatídica.
Não tenho o que valha.
Navalha que me liberta.
Sirvo-me de ti, devorada e contida.
Arrependimento de dar-se.
Doar-se sem covardia.
até...
um abraço, pode ser a despedida.
alguém que volta pra casa, deixa lembranças,
construiu uma história.
um sorriso é preciso guardar como o último.
sempre imaginando que amanhã não te verei mais.
vou largando vaidades, rancores
e acostumando com ausências.
já não se completam mais.
os dias, as noites, as festas...
tudo tão diferente.
um tempo vazio, um cenário sem corpo,
um palhaço sem choro e um riso bobo.
picadeiro sem respostas...
e o palhaço o que é?
despiu-se da graça
amarrou-se ao medo.
despediu-se da vida.
e eu sei...
te vejo amanhã, amiga.
27.11.12
Vazia
Eu já não tenho novembros pra comemorar.
Ando triste, medonho.
Fico tentando te olhar por dentro.
Encontrar o vasto sentido que antes valia.
É mistério. Não te sinto mais tão viva. Não te percebo mais.
Parece vazia de mim.
Ando triste, medonho.
Fico tentando te olhar por dentro.
Encontrar o vasto sentido que antes valia.
É mistério. Não te sinto mais tão viva. Não te percebo mais.
Parece vazia de mim.
19.11.12
Desfeito
Andei tentando remendar aqui e ali
o que um dia foi um lindo bordado de luz.
A seda ficou corroída por tanto zelo.
Mãos que lavavam e teciam.
Andei mesmo tentando refazer ponto por ponto
daquele desenho esquecido.
A memória já se pôs,
Desbotada e desfeita a linha.
Enredando e entrelaçando pontos sem nós.
17.11.12
Aniversário
Tenho a idade do vento, que sopra livre nos campos.
Tenho o tempo das quimeras.
Tudo que sonhei e criei conta para a primavera.
Cada ano, cada dia, cada pingo, de cada letra mofada, se renovam hoje.
Vou construindo castelos, subindo rampas a cavalo.
Galope juvenil.
Tenho a idade de quando acordei.
Olhei nos olhos de um monstro e venci.
Eu sou eu um pouco melhor, maior, de sempre e franca.
Assim me sinto viva, santa, mordaz.
Corrosiva, maledicente.
Tenho a idade que o amor me trouxe.
Suas dores e mazelas.
Me desejo tudo de bom. Nada de ruim.
Tudo o que sou deixa de ser.
Passa hoje a viver outra de mim.
13.11.12
Ardendo
Lavas, fel e menta refrescante.
Gotas desse mel arruinando com qualquer chance.
Temos pouco tempo. E eu só quero correr.
Tavez nem dê tempo.
Mas também posso surpreender.
Refazendo a mistura do que bebo.
Sede do que arremedo.
Pura combinação de descompasso.
Vou e você volta.
Incendeio e você nem se solta.
Pedaços de maçã, chá da casca de romã...
Esteja suave, pois hoje estou ardendo.
9.11.12
Folhas de Outono
No chão, espalhadas, secas.
Já vividas. Atravessaram tempos.
Tapete de mágoas. Salvas pelo vento.
E eu que aqui fico perdurando em sentimentos.
Antigos contentamentos.
Porque não me leva em nuvens?
Pelo menos essas estão imunes.
Enrudilhadas, ressentidas, esquecidas de seus galhos.
Que recomeça e se renova.
Já vividas. Atravessaram tempos.
Tapete de mágoas. Salvas pelo vento.
E eu que aqui fico perdurando em sentimentos.
Antigos contentamentos.
Porque não me leva em nuvens?
Pelo menos essas estão imunes.
Enrudilhadas, ressentidas, esquecidas de seus galhos.
Que recomeça e se renova.
4.11.12
Desconectada...
Que notas me caem sobre a cabeça?
Chuva de Sol, girassol, Lá, do lado de Si.
Mesmo.
Desconexo da vida.
Desconheço o que me liga.
Um poeta sem plug and play.
Ávido por ir. Apenas seguir.
Olhando de lado. Olhando em frente.
Conexão sem fio. Desfio. Um rio sem veios.
Entremeios para fugir.
Um mundo que não creio, um digo que não vejo.
Nada toca, nada guia.
Sensível à luz, ao som da boa música.
Mas o medo desata. Desanda.
Gente que não reza, nem olha, nem estende a mão..
Impacientes, doentes sem flor na lapela.
Desconectada. Sorri e segue.
Candanga, sentida, de Lua.
1.11.12
27.10.12
Arrogante
26.10.12
Resto
Cheguei aqui cavalgando em sonhos.
Destilando poesia.
Terrível tropeço na manhã.
Nada amanhece, nada de sol.
E a chuva não veio, não creio, não vi.
Aqui só o que brilha é o que te dá valor.
E eu que apenas sou, poeta, cantor, ator, gentil,
distraído da vida, nada restou.
Cheguei aqui cavalgando em lindos versos alados.
Resvalou, não vingou.
Perdeu asas, sons e calor.
1.10.12
Ilusão
Mesmo que dentro da minha
verdade tu tenhas sido,
O universo confirma: tudo
O universo confirma: tudo
não passou de um sonho.
Eu aguardo então a sensação do real.
Para um dia dizer-te que não és mais.
Eu aguardo então a sensação do real.
Para um dia dizer-te que não és mais.
25.9.12
Dança Comigo
Que dança estranha é essa que sempre termina.
Passos marcados, nada se improvisa.
Os pares sempre se olhando,
distantes no meio do salão.
A música parou ou estão surdos?
Era uma valsa, uma salsa, um tango...
Alguém errou um passo, perdeu o ritmo.
A platéia não se importa,
mas ela ainda quer dançar.
Talvez um outro par...
Alguém, em alguma outra noite,
vai tirá-la pra dançar?
O que importa? Quem se importa?
A dança acabou.
Não há mais ninguém no salão.
Se alguém pegar na sua mão e te pedir pra dançar,
dance, apenas dance.
E o seu desejo é que essa dança nunca termine.
* Do Livro Liberdade Poética
28.8.12
Mulher de malandro
Eu me mato
Se não houver esperança
eu me mato
amarro o pescoço num laço
tomo veneno com uísque e gelo
faço o sangue jorrar
com uma gilete.
Mas se prometes que volta
eu me enfeito
banho de flor
pétalas de jasmim
Ai de mim
Ai de ti...
jogo perfume na cama
e me deito
e te espero de novo
até o amanhecer
até quando você não vem.
Qual o jeito?
Se não houver esperança
eu me mato
amarro o pescoço num laço
tomo veneno com uísque e gelo
faço o sangue jorrar
com uma gilete.
Mas se prometes que volta
eu me enfeito
banho de flor
pétalas de jasmim
Ai de mim
Ai de ti...
jogo perfume na cama
e me deito
e te espero de novo
até o amanhecer
até quando você não vem.
Qual o jeito?
13.8.12
Passou
Eu já gostei mais de você.
Quando você era um olhar doce,
Curioso e sedutor.
Eu já gostei mais da sua voz.
Quando me dizia feliz, o que gostava em mim.
Eu já gostei mais de andar ao seu lado.
Quando os passos eram sin-cro-ni-za-dos.
Eu já gostei mais de dormir com você.
Quando sexo era amor e você se deitava ao meu redor.
Eu já gostei mais...
Eu já...
Eu...
FUI!
*Do Livro Liberdade Poética
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26.7.12
11.7.12
Namorada
É que me rodeia o teu pensar.
Me atiça os pelos, os seios, a pele.
Curvo-me ao teu redor.
E o querer-te, que tudo ilumina.
É brando, doce, leve.
* publicado no Livro da Tribo 2013
9.7.12
Fera... Mansa...
Aguça o curioso pernas que se cruzam
Sobre o sofá.
E a mansa fera doida te abocanha.
Deixa de ser mansa.
Deixa de ser fera.
6.6.12
Equilíbrio
Amo-te.
Agora mais que tranquila.
Nada de tormentos.
Sobressaltos. Estou dentro do círculo.
Aprumada e contente.
22.5.12
Incapaz
"Medo de Amar (Vinicius de Morais)", com Nana Caymmi
Quem não sabe amar,
É Egoísta por natureza,
Inventa uma falsa certeza
De que estar só é bem melhor. (Marcia David)
*
Em alguns dias pensei ter amado.
Não era verdade.
Em alguns dias pensei ter sido amada.
Era ainda uma enorme mentira.
O que faz do amor o que é,
É apenas ser. Sem pedir, sem chamar.
Simplesmente por ficar. (Marcia David)
15.5.12
Amanhecer
Hei de abandonar as mãos frias que me afagam.
Buscar quente a noite que ardia.
Desfiando lembranças alegres.
Amores mais gentis.
Hei de abandonar o sorriso que não é meu.
Trazer de volta a solidão afável.
Desdobrar vontades perdidas.
Ilusão de paz.
Hei de abandonar ordens de covardia.
Transtornos e melancolia.
Aproveitar que a noite cessa.
Amanhecer.
11.4.12
Noites Cariocas
Já não são como antes...
É que perderam o gosto pela Poesia, pela Boêmia, pela Fantasia.
É tudo pose, disfarce.
Ninguém olha, ninguém vê.
É só desenlace.
Subtexto
Faz muito tempo não olho minhas mãos.
Não seguro meus dedos.
Escrevo o que sinto.
Não faz sentido?
Eu não minto.
Só procuro minhas mãos,
Os meus dedos.
São eles que sangram
quando me cortam o coração.
28.3.12
Partitura
Deixa que a poesia cega te aponte.
Deixa que o som dos dedos te acorde.
Acordes da melodia pura.
Pura melancolia da morte.
Recortes que perdi partes.
Não sei juntar as pontas.
Recomeço em rara partitura.
Sem inspiração
É que o mundo me deixou muda.
A maldade da gente me tirou o fôlego.
E que palavra te falta pra pedir perdão?
Que medo de revelar que enfraqueceu.
Sem inspiração pra parar de acreditar.
Mesmo com a falta de zelo.
Ainda com sede e mãos sem tato.
Sem inspiração pra desistir.
O coração trôpego,
A língua seca e os pés sem alma.
Não quero inspiração.
Quero a crença.
Imensa dúvida da espera que realiza.
23.3.12
Vigia
Segue. Suga. Saca.
Suspeita. Certeza cega.
Invade. Faz alarde.
Copia. Resposta. Covarde.
Finge que não lê.
Imita que não vê.
Disfarça que nem percebe.
Mas sempre visita.
Entra pela porta dos fundos.
Espia, espreita.
Vigia meu mundo.
Sorte.
Não imita.
22.3.12
Semear
Trigo e vento.
Sementes que esvoaçam, espalham e contaminam.
E crescem em talos, folhas, verdes.
Secam.
O arrependimento de sair da terra.
Porque morrer no outono?
Apenas broto, flor e frutos.
Sementes que esvoaçam, espalham e contaminam.
E crescem em talos, folhas, verdes.
Secam.
O arrependimento de sair da terra.
Porque morrer no outono?
Apenas broto, flor e frutos.
Despoetizando...
Vamos descontruir a poesia.
Desfolhar em pequenos cacos.
Poesia mansa, poesia louca...
Poesia apenas...
E depois de triturada, fragmentada...
Quero bordar pequenos pedaços...
Tecer, reconfigurar...
Fuxico, retalhos...
Colcha de argumentos esquecidos.
Sentimentos secos.
Desvalidos.
Não quero juntar, quero tramar.
Costurar.
Um novo desenho.
Um outro nome.
Despoetizar.
21.3.12
Caliandra
Me ache assim,
compacto, encerrado, denso.
Entre águas raras sobrevivi.
Cílio colorido que mexe ao vento.
Dança, valsa, feliz.
Me ache enfim.
Cerrado difícil de entender.
Bela flor de suaves dedos.
Pequeno arbusto.
Tronco rígido e forte.
Escondido entre folhas ásperas.
Cascas, rugas.
Sugas o que ainda resta.
Só não se perca.
Me ache e fim.
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